quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Natal com os pastorinhos (de Fátima)

Como seria o Natal em casa dos pastorinhos de Fátima? Como viviam e vivenciavam?

Uma pequena curiosidade que me levou novamente a mergulhar nas Memórias da Ir. Lúcia.

Mas recorri primeiro a um pequeno livro, Aljustrel, uma aldeia de Fátima, onde retirei algumas notas…

No tempo do Advento, as 4as, 6as e 3º Sábado eram dias especiais de jejum e de abstinência, sendo todo o Advento tempo de oração e de penitência.

O Natal começava a ser vivido no dia 24 de Dezembro, com a família à volta da lareira. A ceia era frugal, muito semelhante à de qualquer outro dia (não havia hábito de comer batatas com bacalhau. O encantamento estava nas filhoses.

As prendas no sapatinho na chaminé só surgiu pelos anos cinquenta. O dinheiro era pouco e mal chegava para comprar o estritamente necessário. Não havia prendas...

A “Missa do Galo” era muito participada; havia diversos grupos que se deslocavam e cantavam quadras natalícias ao som da guitarra, do pífaro, do realejo e dos ferrinhos. A celebração em si era simples e familiar. No fim, o Menino Jesus era beijado, entoando, Bendito e louvado seja o Sagrado Nascimento do Menino Jesus, e a assembleia respondia, E as Suas divinas chamas nos abrasem de amor e nos encham de luz.

No dia 25 de Dezembro, celebrava-se às 11 horas a missa da festa.

Depois fui às Memórias e li e acrescentei mais algumas notas…

“ não havia festa nem dança onde elas não fossem: carnaval, S. João, Natal; era fixo, tinha que haver baile.”

“A noite de Natal, enquanto que se esperava pela hora de ir para a Missa da meia-noite, depois da ceia da consoada, ficava-se à lareira, a fazer as filhoses. Enquanto que a Mãe com as minhas irmãs, estendiam a massa e as deitavam no azeite a ferver, o Pai, com um grande garfo de ferro, virava-as e tirava-as para um alguidar, pondo-as a escorrer dentro dum crivo. À hora precisa, lá íamos para a Missa do Galo, e o açafatinho com o presente das filhoses que levava ao Menino Jesus, quando ia a beijar a Sua imagem, e no dia de Natal, pela manhã, às pessoas acima mencionadas.”

Conclui que os pastorinhos de Fátima viviam um Natal normal, como se vivia naquele tempo, nesta povoação da Serra d’Aire. Simplicidade dominava em todos os actos, onde a família e o convívio celebrativo imperavam.

1 comentário:

Unknown disse...

é lindo! obrigada Frederico!
madalena