Neste momento em que se fala muito de escutas - Freeport; Face Oculta -, o que menos vemos é escutar.
Saber escutar é um dom. É também um exercício que se vai aperfeiçoando.
Vem isto a propósito, pois chegou-me à mão o texto de D. Carlos de Azevedo.
As escutas, segundo ele, produzem "uma murmuração em cadeia, uma grande baralhada que promete durar, porque o gosto por mexer na porcaria é próprio de alguns animais!"
É necessário criar silêncio, próprio do tempo quaresmal.
Deus é a Palavra, nós somos escuta: e a escuta pressupõe o silêncio, isto é, o despojamento de todas as vozes que nos distraem da escuta, sejam aquelas que partem do nosso coração ou da nossa inteligência, sejam aquelas que entram em nós, usurpando um lugar devido...
É difícil falar de silêncio de um mundo habituado ao barulho. Não é grande prova o silêncio sobre um monte deserto, onde tudo nos convida à harmonia com a terra, o céu, as estrelas, as flores, o vento. Sem o silêncio, o ser humano morre de fome, não de fome de pão, mas de escuta da Palavra do Senhor (Amós 8, 11)
Grande parte das pessoas que se cruzam connosco não se encontram, porque não se escutam. Daí as consequências do seu modo de viver: na superficialidade, na conflitualidade, na critica gratuita... porque não se encontram, não se conhecem e sentem medo de iniciar todo esse processo.
Surge agora a Quaresma. Porque não apostar neste trajecto de escuta do eu, da sua essência, do sentir impelido para o absoluto que é Deus...
(nota: contém excertos do artigo de D. Carlos Azevedo)
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