quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Maria Dulce morreu


No passado dia 24 de Agosto, morreu Maria Dulce. Vivia em Bucelas, no dizer do encenador Filipe la Féria, como “uma grande actriz”, mas “pobremente, com dificuldades, esquecida por todos”.
Foi uma estrela de teatro de revista e sobretudo do cinema.
Nascida a 11 de Outubro de 1936, desde cedo, aos 13 anos, abraçou o mundo artístico, no filme “Frei Luís de Sousa”, do realizador António Lopes Ribeiro.
No muito que podemos encontrar agora sobre ela, destaco a sua participação do filme “La Señora de Fatima”, de Rafael Gil, em 1951 (encerramento do Ano Santo), no papel da pastora Jacinta. Maria Dulce foi a primeira actriz portuguesa a interpretar a figura de Jacinta, a mais nova do trio de pastorinhos de Fátima. O filme é uma co-produção luso-espanhola.

Este filme sobre Fátima não foi o primeiro, pois de Itália, surgiu a primeira película, “Fatima milagrosa”, do italiano Rino Lupo, em 1928.

Sobre o seu papel de Jacinta, Maria Dulce chegou a afirmar: «Ainda hoje tenho uma sensação muito agradável, de quase bem-estar: sobretudo agora, quando soube que a Jacinta tinha sido beatificada. […] Senti mais a responsabilidade desta interpretação, a segunda da minha carreira cinematográfica, pois estreei-me no “Frei Luís de Sousa”, a que se seguiu a partida para Madrid, para fazer o papel de Jacinta, na “Senhora de Fátima”
Mas, acima de tudo, também porque estava a interpretar uma personagem que tem muito a ver connosco e, depois, porque já conhecia a história e me identifico com ela…
Enfim, a sensação que ainda perdura é a de que foi tudo muito agradável, muito gratificante e… gostei muito!»
[…]
A Jacinta era diferente, porque tinha realmente o comportamento próprio das crianças da sua idade, brincava, participava nos jogos e era fisicamente igual a qualquer outra, assim como o seu comportamento.
Só que dentro dela havia permanentemente aquele dom especial que só uma criança tocada pela Graça, como ela foi, pode possuir.

Apercebeu-se da importância do filme na altura, porque, diz Maria Dulce, foi feito com muito rigor por um homem que era dos maiores realizadores de Espanha, […] e por outro lado, obedeceu a um rigor histórico perfeitamente fiel àquilo que se conhecia e continua a conhecer da história das aparições de Fátima.
Todos os exteriores foram filmados nos próprios locais e fielmente reproduzidos em estúdio, desde a roupa, comportamento das personagens… tudo muito rigoroso!

Sobre os filmes que têm sido produzidos sobre Fátima, afirma, «atrás de todos coloco o americano (de que nem me lembro o nome) porque não passa de uma fantasia, talvez muito próprio para o espírito americano, mas que nada tem a ver com Fatima.
Considera que o primeiro filme a sério que se fez foi este, o “Senhora de Fátima”, em Espanhol.»

(cf. Guia-Gente – in Magnificat 49 (8) Outubro 1999, p. 34-36)

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