Considerada uma das peças emblemáticas da participação de Portugal na Primeira Guerra Mundial, o “Cristo das Trincheiras”, propriedade da Liga dos Combatentes, integrará a próxima exposição temporária do Santuário de Fátima.
A inaugurar às 14:30 de 29 de novembro, no Convivium de Santo Agostinho, na zona da Reconciliação da Basílica da Santíssima Trindade, a exposição intitular-se-á “Neste vale de Lágrimas” e terá como dois principais propósitos a evocação da aparição de agosto de 1917 e o período da Primeira Grande Guerra Mundial.

A imagem do Cristo crucificado estava numa intersecção de estradas, no
sector português da Flandres, entre as localidades de Lacouture e
Neuve-Chapelle. A figura era uma companhia diária dos soldados portugueses e,
tal como eles, sofreu duramente com a ofensiva alemã de 9 de Abril de 1918, que
ficou conhecida como a Batalha de la
Lys. No final dos bombardeamentos, a imagem perdera uma das
mãos, parte das pernas, ambos os pés e tivera o peito atravessado por uma bela.
Neuve-Chapelle tinha sido quase varrida do mapa, os mortos portugueses
ascendiam a mais de 7500, mas o Cristo, ainda que mutilado, continuava no seu
lugar.
A imagem estava tão entranhada nas memórias dos soldados que viveram
esse dia que, em 1958, o Governo Português pediu ao Governo Francês que
deixasse o Cristo vir para Portugal. A imagem, que permanecera no mesmo local,
nos 40 anos que se tinham passado desde o final da guerra, foi então
transportada de avião para Lisboa a 4 de Abril de 1958 e, quatro dias depois,
de carro para a Batalha.
Foi neste percurso, que a imagem passou pelo Santuário de Fátima, onde
esteve algumas horas. Acompanharam os ilustres visitantes o Subsecretário da
Aeronáutica, Tenente-coronel Kaulza de Arriaga, General Costa de Macedo, o
Brigadeiro Delgado, e Major Tamagnini Barbosa, com membros da comitiva e
parlamentares que da França se deslocaram a Portugal, onde se detacava o
Subsecretário do Ar da República Francesa, Sr. Luís Christiaens.