quinta-feira, 16 de abril de 2009

"O Papa está certo"

Esta afirmação é do médico Edward Green, uma das maiores autoridades mundiais no estudo das formas de combate à expansão da SIDA. Ele é director do Projecto de Investigação e Prevenção da SIDA do Centro de Estudos sobre População e Desenvolvimento da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos. Uma das instituições educacionais mais prestigiadas do mundo.Edward C. Green diz que as Nações Unidas ignoraram os resultados de um estudo que encomendaram a Norman Hearst e Sanny Chen, da Universidade da Califórnia, após, em 2003, os investigadores terem concluído pela não existência de evidências que os preservativos estivessem a resultar como forma primária de prevenção do HIV em África.

O médico diz que este dado tem sido confirmado em diversos grandes artigos de revistas cientificas como a Lancet, Science e BMJ, referindo um artigo publicado no ano passado na Science onde 10 especialistas consideram que "o uso consistente de preservativos não atingiu um nível suficientemente alto, mesmo após anos de campanhas alargadas e agressivas para a sua promoção, de modo a fazerem descer o número de novas infecções e das epidemias generalizadas na África Sub-Sahariana". "Eu sou um liberal nas questões sociais e isso é difícil de admitir, mas o Papa está realmente certo. A maior evidência que mostramos é que os preservativos não funcionam como uma intervenção significativa para reduzir os índices de infecção por HIV na África."O estudioso aponta que a contaminação por HIV está em declínio em oito ou nove países africanos. E diz que em todos estes casos, as pessoas estão diminuindo a quantidade de parceiros sexuais.

As campanhas feitas até agora não resultaram porque deveriam chamar a atenção para evitar ter mais de um parceiro sexual. É o que se tem feito em alguns (poucos) países com resultados bem visíveis. O médico lembra que o chamado programa ABC (abstinência, fidelidade e preservativo – este só em último caso), está a funcionar no Uganda, tendo-se mostrado eficiente para diminuir a contaminação de 30% para 7%.
M. V. (in "O Amigo do Povo")

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