Nada melhor que à lareira, ler um bom livro.
António Lobo Antunes escreveu o livro, lançado nestes dias. "Sôbolos rios que vão" é o título da obra que reflecte sobre a vida.
A expressão não é nova. Percorrendo os diversos autores, vamos encontrá-la ao longo da literatura mundial.
No artigo que li, escreve a jornalista, "tem o título que vai beber inspiração a um verso de Camões". De facto, num dos seus poemas, "Sôbolos rios que vão", Camões escreve estas primeiras linhas, "Sobre os rios que vão, por Babilónia m’ achei onde sentado chorei as lembranças de Sião e quanto nela passei."
Mas será que Lobo Antunes foi beber inspiração nestes versos ou foi beber noutro lugar literário?
Já Jorge de Sena, no capítulo Movimento, o final de Super Flumina Babylonis (Sena, 1983, p. 166), um dos mais belos contos senianos, escreve:
Sobre os rios que vão por Babylónia me achei onde sentado chorei as lembranças de Sião e quando nela passei...
E ficou escrevendo pela noite adiante... (CA, p.88)
A jornalista podia ia ir mais longe.
De facto, Camões inspirou-se por sua vez no salmo 137(136), onde o salmista escreve, "junto dos rios de Babilónia estávamos sentados e chorando, lembrando-nos de Sião". Este salmo recorda a deportação dos judeus para a Babilónia, devido às catástrofes nacionais, levadas a efeito pelos Edomitas (586) e pelos Caldeus.
É belo conhecer a nossa literatura e a literatura universal...
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