terça-feira, 17 de abril de 2012

Frei Carlos e seu tempo da verdade


     Hoje, 17 de Abril, faz um mês que me desloquei a Alvaiázere, ao funeral do Carlos Furtado, amigo dominicano, “mestre do sorriso”.
     Com ele, mais ou menos tempo, caminhámos com ele na vida. Eu caminhei desde 1984, quando o conheci.
     De forma, mais próxima, foram vários anos, desde 2002, na dinamização do Movimento, no seu Sector Juvenil.
     Mais do que palavras minhas, num contexto de “emergência social” e em que os bispos portugueses reunidos em Fátima, apelam à “verdade política”, eis algumas palavras do Carlos, actualizadíssimas, orientadas para a juventude.


  Escreve..:


«Estamos a viver num mundo em processo de mudança acelerada. Há realmente, muitas razões acerca das mudanças, que os jovens têm que enfrentar no seu dia a dia. Enfrentar e analisar a realidade significa abandonar o território seguro e ir para um lugar desconhecido. Assim, à que criar novas relações com os outros e com o mundo.
O mundo está transformado num espaço aberto e é neste espaço, que a juventude deve fazer uma reflexão profunda sobre o tempo real e questionar-se: será que o mundo se está a transformar na global cidadania da mentira, do medo e do terror?
Parece que temos muitas razões para dizer que estamos a viver um período histórico de transição muito importante. […] Uma nova cultura… vive-se uma concentração exclusiva ao presente e ao instante.
É neste tempo que temos que nos interrogar: quem somos? Onde estamos?
Teremos coragem de enfrentar a realidade ou queremos permanecer na ilusão das distracções constantes? Lançamo-nos ao mar, ou afundamo-nos irremediavelmente ao som da orquestra, como os passageiros do Titanic?
Chegou a hora de nos vestirmos de esperança, para ir ao encontro da verdade e redimirmos o mundo – irmos à verdade de nós próprios.
É a Verdade/Jesus Cristo, que nos revela a beleza e a bondade do mundo de Deus. Esta Verdade empurra-nos para os outros e coloca-nos em acção.
Maria ensina-nos a conversar sobre o que nos toca mais profundamente. Só assim tomamos decisões de mudança e nos tornamos apóstolos da Verdade.

É preciso querer crer!

Não é possível querer sem crer!

“- Quereis oferecer-vos a Deus…?
- Sim, queremos”.»

Obrigado, Frei Carlos, pelos teus ensinamentos, que agora vamos relendo…

domingo, 1 de abril de 2012

Fernando Pessoa

Hoje fui revisitar Fernando Pessoa...
Digo revisitar, pois "tive com ele" no secundário e na universidade.
Agora, foi na Fundação Calouste Gulbenkian.

Estive não só com Fernando Pessoa, mas também com Alberto Caeiro, Ricardo Reis, Álvaro de Campos, Bernardo Soares...

Deixo algumas pinceladas d'o poeta que é um fingidor. Finge tão completamente que chega a fingir que é dor, a dor que deveras sente.
Entre muitos traços que podia referir, fixei-me em alguns.
Numa sociedade onde deparamos cada vez mais com a ausência de Deus, de Jesus Cristo, no concreto de cada dia, eis o que pode acontecer para o pagão cada coisa tem o seu génio ou ninfa, cada coisas é uma ninfa cativa ou uma dríade apanhada pelo olhar; por isso cada objeto tem para ele uma espantosa realidade imediata, e com cada coisa ele está em convívio quando a vê, e em amizade, quando lhe toca.
O homem que vê em cada objeto uma outra coisa qualquer, que não seja isto, não pode ver, amar ou sentir esse objeto...
Pertenço a uma geração - suponho que essa geração seja mais pessoas que eu - que perdeu por igual a fé nos deuses das religiões antigas e a fé nos deuses das irreligiões modernas. 
Uma religião individual impera com esta frase típica: "eu cá tenho a minha fé"... Será!?
A fé nunca se vive individualmente, mas sempre em relação.


Foi uma final de manhã bem passado, e que vos convido a visitarem... Vale a pena!