Hoje, 17 de Abril, faz um mês que me desloquei a Alvaiázere,
ao funeral do Carlos Furtado, amigo dominicano, “mestre do sorriso”.
Com ele, mais ou menos tempo, caminhámos com ele na vida. Eu
caminhei desde 1984, quando o conheci.
De forma, mais próxima, foram vários anos, desde 2002, na
dinamização do Movimento, no seu Sector Juvenil.
Mais do que palavras minhas, num contexto de “emergência
social” e em que os bispos portugueses reunidos em Fátima, apelam à “verdade
política”, eis algumas palavras do Carlos, actualizadíssimas, orientadas para a
juventude.
Escreve..:
«Estamos a viver num mundo em processo de mudança acelerada. Há
realmente, muitas razões acerca das mudanças, que os jovens têm que enfrentar
no seu dia a dia. Enfrentar e analisar a realidade significa abandonar o território
seguro e ir para um lugar desconhecido. Assim, à que criar novas relações com
os outros e com o mundo.
O mundo está transformado num espaço aberto e é neste espaço, que a
juventude deve fazer uma reflexão profunda sobre o tempo real e questionar-se:
será que o mundo se está a transformar na global cidadania da mentira, do medo
e do terror?
Parece que temos muitas razões para dizer que estamos a viver um período
histórico de transição muito importante. […] Uma nova cultura… vive-se uma
concentração exclusiva ao presente e ao instante.
É neste tempo que temos que nos interrogar: quem somos? Onde estamos?
Teremos coragem de enfrentar a realidade ou queremos permanecer na ilusão
das distracções constantes? Lançamo-nos ao mar, ou afundamo-nos
irremediavelmente ao som da orquestra, como os passageiros do Titanic?
Chegou a hora de nos vestirmos de esperança, para ir ao encontro da
verdade e redimirmos o mundo – irmos à verdade de nós próprios.
É a Verdade/Jesus Cristo, que nos revela a beleza e a bondade do mundo
de Deus. Esta Verdade empurra-nos para os outros e coloca-nos em acção.
Maria ensina-nos a conversar sobre o que nos toca mais profundamente. Só
assim tomamos decisões de mudança e nos tornamos apóstolos da Verdade.
É preciso querer crer!
Não é possível querer sem crer!
“- Quereis oferecer-vos a Deus…?
- Sim, queremos”.»
Obrigado, Frei Carlos, pelos teus ensinamentos, que agora
vamos relendo…