quinta-feira, 14 de junho de 2012

Em Roma...

Em 13 de Junho, segundo me dizem, 42 000 pessoas (imagino que pouco mais de metade dos que se esperavam) foram ao Estádio Olímpico de Roma, pagando entre 50 e 70 Euros, ou mais) para ver uma pseudo-madonna, a mesma que, certamente na tentativa de conquistar pontos, há dias em Istambul foi capaz (!) de mostrar um seio, e ontem no palco que teve em Roma fez em parte cair as suas calças. 


Mas isso, francamente, para mim, até não é o pior, muito embora, se tivesse o infortúnio de pagar, ao ver o que ser visto não merece (!) ser, não deixaria de protestar: uma cantora "pop" vale pelo que canta, não pelas partes que mostra, tanto mais que as suas não têm interesse que se veja.


Mas o que me revolta, realmente, é apenas isto: 
Até aqui em Roma, esta mulher feita milhões, mas sem alma que se veja, ou mereça ser apreciada, não prescinde dos seus abusos sobre o Crucifixo nem dos abusos verbais que, ao que me dizem, terá proferido contra o Papa Bento XVI e a sua Imagem. 


Obviamente, os produtores de detritos culturais, os poluidores do espírito, quando chegam ao ponto de fazer tournées mundiais, sabem muito bem calcular os riscos, sobretudo no que à frente legal diz respeito.Mas tenho pena que não haja modo, por abuso de imagem e insulto à Religião, de processar de modo exemplar estas bonequinhas do mal, ainda que nada meigas na hora de calcular o "encaixe" final. 


O mais lamentável, claro, é que numa cidade como Roma e arredores, haja mais de 40 000 cabeças de alfinete, ainda que sendo apenas metade das que se esperava, dispostos a pagar, certamente em muitos casos, o que talvez nem sequer são ainda capazes de verdadeiramente ganhar, para ver um espectáculo feito de frivolidades, de assanhada manha e des-gostosa incivilidade. 


Por alguma razão, na passada segunda feira, o Papa Bento XVI falou, tão simples como eloquentemente e a propósito do Sacramento do Baptismo, da absoluta necessidade que o cristão tem de renunciar à "Pompa do Diabo". 


Ninguém pense, portanto, que o tema diz respeito apenas ao que em Roma se passava nos primeiros séculos da Cristandade; não, a "pompa do diabo" é hoje, talvez, mais perigosa, e insidiosa, do que nunca. E não é só porque uma mulher de mais de 50 anos (!) faz com que em público lhe caiam as calças que aparentemente a revestem! 


De facto, antes fosse!
(João J. Vila-Chã, in facebook)

Polémico «Just Love...»


Esclarecimentos.


Antes que chegue às livrarias portuguesas, surgiu uma publicação da irmã Margaret A. Farley – “Jast love: a Framework for Christian Sexual Ethics” -,  em que a irmã Margaret toma posição controversa em assuntos éticos.

De facto a Congregação para a Doutrina da Fé emitiu uma notificação, datada de 30 de Março de 2012, a propósito do referido livro.

Num introdução faz o historial das comunicações efectuadas, com a superiora da congregação, Sisters of Mercy of the Americas.

Depois rebate os vários assuntos do livro, masturbação, uniões homossexuais, actos sexuais,  indissolubilidade do matrimónio, divórcio e segundas núpcias.

Na conclusão a Congregação para a Doutrina da fé expressa profundo pesar pelo fato de que um membro de um Instituto de Virgem Consagrada, afirme posições em contraste direto com a doutrina católica no âmbito da moral sexual.

Para mais desenvolvimento e esclarecimento, podem consultar o site do Vaticano, no seguinte endereço: http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/documents/rc_con_cfaith_doc_20120330_nota-farley_po.html

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Porquê tanta estupidez e crueldade?


Os animais selvagens nunca matam para se divertir. O homem é a única criatura para quem a tortura e a morte dos seus semelhantes podem ser divertidas em si mesmo. Li estas linhas numa revista alemã e instintivamente o meu pensamento levou-me para os horrores do nazismo, quando a tortura mais horrível se transformou em passatempo sádico.

A consideração é atribuída a um historiador britânico do século XIX, James A. Froude, e recolhe um aspeto trágico da humanidade. O animal ataca outro se é atacado ou se quer assegurar a sua sobrevivência. O homem, dotado de criatividade, fantasia e liberdade, rebaixa estes talentos e mergulha na crueldade mais atroz, elaborada por vezes com refinamento intelectual.

Quando eu era criança impressionava-me um quadro do Novíssimo Dicionário Melzi, que era um pouco o livro da minha primeira curiosidade no saber: o quadro representava todas as torturas e podia realmente sentir-se o quanto a inteligência humana pode degenerar em perversão.

É talvez por essa razão que a antiga fábula (a partir do burro bíblico de Balaão) transformou os animais em mestres dos humanos. Ironicamente o poeta Ezra Pound (1885-1972), na poesia “Meditatio”, escrevia: «Quando observo atentamente os curiosos hábitos dos cães, / tenho de concluir / que o homem é o animal superior. // Quando observo os estranhos hábitos do homem / confesso-te, meu amigo, que duvido».

Somos certamente mais evoluídos do que os animais; mas também sabemos precipitar-nos no abismo do absurdo, da crueldade e da brutalidade. Atribuímo-nos o título de reis da criação mas muitas vezes não somos mais do que tiranos implacáveis. E os cães, levantando para nós o seu nariz húmido, parecem perguntar-nos porquê tanta estupidez e crueldade.

D. Gianfranco Ravasi
Presidente do Conselho Pontifício da Cultura 
In Avvenire
Trad. / adapt.: rjm